domingo, 7 de março de 2010

Crenças

Vida após a morte

Os egípcios, exceto por um período que falaremos posteriormente, foram politeístas, sendo que acreditavam que o corpo era constituído por diversas partes:



-Ba= alma
-Ka= força vital
-Akh= força divina inspiradora de vida




Segundo eles, o ka precisava de um suporte material que normalmente era o corpo do morto e, para poder enfrentar os mistérios do além túmulo, era necessário que este se mantivesse incorrupto (intacto, não deteriorado). Inicialmente, os defuntos eram enterrados na areia, graças ao clima seco e quente, conseguiam conservá-los, porém, conforme as crenças se consolidaram, surgiu a ideia de construir monumentos, onde seria possível depositar elementos considerados imprescindíveis para a vida após a morte. As primeiras pirâmides foram criadas, com elas, novas técnicas de mumificação forma desenvolvidas.



Técnicas de mumificação



Muito complexas, exigiam conhecimentos de anatomia por parte dos sacerdotes para que não ocorressem danos aos órgãos. O deus Anapu era o guardião das necrópoles e, segundo alguns egípcios, estava presente no processo de mumificação. Sua cabeça em forma de chacal, evocava os animais que vagueavam pelos túmulos. Os sacerdotes embalsamadores tinham-no como patrono e, durante o preparo das múmias, colocavam uma máscara de chacal, adotando o papel de Anapu.Primeiro, extraiam o cérebro introduzindo um gancho no nariz, depois de terem partido o osso etmóide. A seguir, marcavam com um pincel, uma linha no lado onde faziam um corte para extrair as vísceras. O coração, que devia controlar o corpo no além e, os rins, aos quais o acesso era difícil, permaneciam dentro do cadáver. As vísceras eram lavadas com substâncias aromáticas e colocadas em vasos canopos. O corpo era depositado em natrão (carbonato de sódio natural) por algum tempo, depois o lavavam e massageavam com perfumes, óleos e incensos. Olhos de vidro eram colocados, para dar impressão de realidade. Para enfaixar o cadáver, colocava-se o corpo sobre dois cavaletes, sem prendê-lo a nada, entre as camadas de ataduras, eram colocados amuletos, alguns tinham forma de escaravelho, de olhos ou pilares, sendo verdadeiras jóias, possuindo como objetivo proteger o morto dos perigos do outro mundo. Após esse processo, despejava-se resina por cima, põem-se uma máscara funerária e finalmente era colocado no leito funerário, para que fosse regenerado pelo poder mágico da deusa Neftis.


Cortejo fúnebre

Uma vez preparado o cadáver e depositado no sarcófago, fazia-se uma procissão que o conduzia ao túmulo. Abrindo o cortejo, ia o sacerdote funerário, ao qual se seguiam vários criados que transportavam os objetos pertencentes ao morto. Esses objetos tinham a missão de lhe proporcionar comodidade no além. O sarcófago era conduzido por um trenó, enquanto outro levava os vasos canopos. Quando a procissão chegava ao túmulo, o sacerdote realizava o ritual de abrir a boca da múmia, com o qual se acreditava que ela voltava à vida. Toda a mobília, juntamente com o sarcófago e as oferendas, eram depositados na pirâmide, que, a seguir, era selada para que nada perturbasse o eterno repouso do defunto.

Lenda do além

De acordo com a crença egípcia, Anapu colocava as mãos no defunto para lhe tirar o coração que era levado à Osíris, soberano do reino dos mortos, sendo que este realizava a psicostasia em que o coração do morto era pesado, caso as más ações fossem mais pesadas que uma pena, o indivíduo era devorado por um monstro. Se passasse satisfatoriamente por essa prova, podia percorrer o mundo subterrâneo cheio de perigos até o paraíso.


Os sarcófagos

Eram de pedra ou madeira coberta por materiais preciosos. Inicialmente, os sarcófagos eram retangulares, porém, mais tarde, foram construídos com o formato de seres humanos.

Os uchebtis

Significam “Os que respondem”, pequenas estatuetas colocadas no túmulo para servir o defunto no além. Os mais valiosos eram feitos de ouro e lápis-lazúli, mas também, havia os fabricados em terracota, madeira ou pedra. Muitas vezes eram figuras masculinas. Na parte da frente, escrevia-se um capítulo do livro dos mortos.Em alguns túmulos, foram encontrados 365 uchebitis, cada um correspondendo a um dia do ano.

Os Vasos Canopos

As vísceras lavadas e embalsamadas eram depositadas em quatro vasos representando divindades chamadas Filhos de Hórus, que as protegiam da destruição. Depois de seladas, os sacerdotes as introduziam em uma caixa, que, durante o cortejo fúnebre, era conduzida por um trenó. A origem definitiva do nome canopo ainda é um mistério, porém, as duas hipóteses mais aceitas pelos estudiosos são:



-A de que surgiu devido à cidade de Canopos, perto de Alexandria onde Osíris era adorado como um vaso com cabeça humana.



-Devido a Canopo, personagem mitológico grego, piloto de Menelau, que morreu de forma trágica e foi enterrado no Egito.



Os vasos são:



-Imset: Com tampa em forma de cabeça humana, abrigava o fígado.



-Duamutef: Tampa em forma de chacal, abrigava o estômago.



- Hapi: A cabeça de babuíno indicava que continha os pulmões.



-Kebehsenuef: O vaso com cabeça de falcão guardava os intestinos
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As máscaras funerárias

O defunto devia ser reconhecido no Além. Por isso, por cima das ataduras do corpo mumificado, colocava-se uma máscara com um retrato idealizado do morto. As máscaras dos faraós eram feitas de ouro e lápis-lazúli. Segundo o mito, a carne dos deuses era de ouro, seu cabelo de lápis-lazúli e os ossos de prata. Os faraós eram representados como o deus Osíris, soberano dos mortos. Na cabeça levava o nemes, adorno listrado enfeitado na parte da frente com a serpente protetora dos faraós. Os braços ficavam sobre o peito. Numa das mãos seguravam o cetro real e na outra, um chicote.







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